Quase
quatro milhões de pessoas terão marchado neste domingo em França contra o
terrorismo. Um dia que promete ficar na história com também mais de 50
representantes mundiais presentes em Paris ao lado do chefe de Estado francês,
François Hollande, em repúdio aos atentados que vitimaram esta semana 17
pessoas.
O
rei da Jordânia, os presidentes do Benim, do Gabão, do Mali e do Níger, os
primeiros-ministros britânico, espanhol, português, italiano, israelita e tunisino,
a chanceler alemã, o presidente da autoridade palestiniana, os presidentes da
comissão e do conselho europeus constaram entre as figuras mundiais que fizeram
questão de se deslocar a Paris para participar nesta marcha republicana.
A
França não deve ter visto semelhante moldura humana nas ruas desde a
libertação: políticos e anónimos de muitos credos denunciaram o anti-semitismo,
o fanatismo e a intolerância que teriam estado na base dos atentados.
Tratou-se
do massacre em Paris de 12 pessoas na quarta-feira no semanário satírico
"Charlie Hebdo", e de uma mulher polícia no dia seguinte em
Montrouge, perto da capital, e de 4 pessoas no interior de uma mercearia
judaica na sexta-feira na zona leste parisiense.
Os
dois irmãos Kouachi, franceses de origem argelina, e presumíveis autores da
carnificina no jornal parisiense acabaram por morrer também a leste da capital,
em Dammartin, bem como Amedy Coulibali, o franco-maliano autor do sequestro da
mercearia judaica parisiense.
Pedro
Passos Coelho, primeiro-ministro português, em declarações à agência lusa,
enfatizou a importância de expressar a sua solidariedade para com um atentado
visando a liberdade de expressão e de imprensa.
Também
a presidente da Assembleia da República portuguesa, Assunção Esteves, em
declarações à agência lusa, se fez representar na capital francesa enaltecendo
a importância que a comunidade internacional se dê as mãos.
Integraram
a delegação de parlamentares portugueses Telmo Correia, presidente do conselho
nacional do CDS PP, de direita.
Em
declarações a Lígia Anjos ele enfatizou a importância da reacção a este
momento, um "11 de Setembro francês", como a imprensa lhe chamou, daí
a necessidade de se combater o terror.
Carlos
Gonçalves, deputado português do PSD, de centro-direita, e presidente do grupo
de amizade parlamentar Portugal / França, presente na marcha parisiense,
sublinhou a importância da solidariedade com a França e com a vasta comunidade
lusa radicada em terras gaulesas.
Paulo
Pisco, deputado português do PS, de esquerda, marchou também em Paris para
denunciar o terrorismo que abalou a França na semana finda, alegando que esta é
uma resposta de todos os que amam os valores ocidentais, daí ser uma verdadeira
marcha transnacional.
O
corpo diplomático acreditado em Paris foi convidado a integrar esta marcha.
Fátima
Veiga, embaixadora de Cabo Verde, fez questão em se associar a este protesto
denunciando o terrorismo.
O
economista cabo-verdiano e ex deputado Atelano da Fonseca, em entrevista a João
Matos, sublinha a consternação que no arquipélago acompanhou o drama com que a
França se viu confrontada nesta semana.
Luís
Mendes, cônsul da Guiné-Bissau, representou o seu país, em sinal de
solidariedade para com a França assolada agora pelo espectro do terrorismo.
Jean-Pierre
Bensaïd, cônsul honorário de São Tomé e Príncipe em Marselha, marchou esta
tarde nesta cidade do sul de França repudiando os atentados com o lema "je
suis Charlie" (eu sou Charlie).
Jean-Pierre
Bensaid, cônsul honorário de São Tomé e Príncipe em Marselha
Miguel
da Costa, embaixador de Angola, sublinha a condenação por parte das autoridades
de Luanda, dos atentados de Paris.
No
que diz respeito a Moçambique a RFI não conseguiu viabilizar nenhum contacto
directo com a representação diplomática deste país em França por o embaixador
se encontrar ausente em Maputo.
A
repórter Lígia Anjos recolheu o testemunho de Maria da Luz Alves, portuguesa
radicada em Paris há 30 anos que explica o porquê de se ter juntado à marcha
republicana.
Já
Maria Sameiro, outra cidadã portuguesa em Paris há mais de duas décadas
preferiu não se associar à marcha por recear ainda nesta fase o espectro do
terrorismo.
Estes
alguns dos protagonistas de um dia excepcional na história de Paris com o mundo
inteiro a ter os olhos virados para a capital francesa nesta grande reacção
pública aos atentados que chocaram o país e o planeta.
A
intensa actividade diplomática que este evento suscitou serviu de base para
intensos debates sobre o reforço da lua anti-terrorista, com certos sectores a
defenderem o reforço do controlo das fronteiras exteriores do velho continente
e ainda a reforma dos chamados "Acordos de Schengen" estabelecendo a
livre circulação no espaço europeu.
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