A União Europeia (UE) conta com o apoio
e conhecimento privilegiado de Portugal para aprofundar a cooperação com África
e a América Latina, afirmou hoje, em Lisboa, a chefe da diplomacia europeia,
Federica Mogherini.
Admitindo que África está "muitas
vezes fora da agenda política", a alta representante da União para os
Negócios Estrangeiros e Política de Segurança afirmou o seu compromisso pessoal
para fazer regressar o tema ao debate europeu.
Federica Mogherini, que falava em Lisboa
após um encontro com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete,
durante a visita oficial que realiza hoje a Portugal, disse contar "com a
experiência, sabedoria e conhecimento de Portugal para ajudar a União Europeia
a desenvolver mais a sua política com África, começando pelos países africanos
de expressão lusófona", e recordou que os ministros dos Negócios
Estrangeiros vão debater o tema já em março.
A este propósito, Rui Machete destacou a
importância de a UE "reforçar o seu diálogo com os países da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa [CPLP] e com a própria organização".
Em concreto, sobre a Guiné-Bissau, o
governante português considerou que os 28 podem "desempenhar um papel
chave no progresso daquele país e no apoio aos esforços que têm vindo a ser
feitos pelo Governo guineense para a estabilidade política, social e
económica".
Por outro lado, Federica Mogherini disse
esperar um maior contributo de Portugal no aprofundamento da relação entre a
América Latina e a União Europeia, outro compromisso da nova alta
representante, que destacou o "particular interesse e conhecimento"
de Lisboa naquela região.
"Temos condições para fazer a ponte
entre a Europa e o continente africano e ibero-americano, papel que Portugal
desempenha tradicionalmente e continuará a esforçar-se por desempenhar",
garantiu Rui Machete.
O ministro destacou os esforços de
Portugal na capacitação dos países africanos de língua portuguesa na África
ocidental, que podem ser afetados pela "frágil situação de segurança no
golfo da Guiné".
Também
no combate ao terrorismo, a UE deverá reforçar a cooperação com
"países-chave" nas suas fronteiras, incrementando a partilha de
informação e de inteligência e trabalhando com as delegações europeias nas
regiões, um trabalho em que conta igualmente com a colaboração de Portugal,
mencionou a chefe da diplomacia europeia.
//Lusa