Profundo
conhecedor da realidade africana, Paul Collier esteve em Lisboa para uma
conferência na School of Business and Economics (SBE) da Universidade Nova. Ao
DN, falou sobre a situação atual e desafios naquele continente
Quais
as raízes das crises e fracassos nas sociedades africanas?
É
preciso não esquecer também a existência de casos de sucesso. O que tem tornado
África pobre, como qualquer outra sociedade, é uma política e cultura
disfuncionais, além de circunstâncias económicas desfavoráveis. E quando
existem recursos, a questão é se o Estado realiza o necessário para que o
cidadão comum beneficie da riqueza resultante desses recursos.
Como
é Portugal visto em África?
Creio
que Portugal está bem familiarizado com o espaço africano, não apenas enquanto
antiga potência colonial. Os portugueses estiveram no interior, viveram aí, têm
um conhecimento muito razoável de como é atuar e viver em África. E Portugal
não é uma sociedade racista. E tem uma vantagem competitiva muito grande: é que
não provoca medo em África. Portugal não é uma ameaça ou uma grande potência,
como os EUA ou a China, ou uma potência colonial como foram a Grã--Bretanha ou
a França. Portugal tem conhecimento suficiente para chegar a África e perceber
que não chegou à Lua.
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