domingo, 11 de janeiro de 2015

Milhões em França, incluindo dirigentes africanos, marcharam contra o terrorismo


Quase quatro milhões de pessoas terão marchado neste domingo em França contra o terrorismo. Um dia que promete ficar na história com também mais de 50 representantes mundiais presentes em Paris ao lado do chefe de Estado francês, François Hollande, em repúdio aos atentados que vitimaram esta semana 17 pessoas.

O rei da Jordânia, os presidentes do Benim, do Gabão, do Mali e do Níger, os primeiros-ministros britânico, espanhol, português, italiano, israelita e tunisino, a chanceler alemã, o presidente da autoridade palestiniana, os presidentes da comissão e do conselho europeus constaram entre as figuras mundiais que fizeram questão de se deslocar a Paris para participar nesta marcha republicana.

A França não deve ter visto semelhante moldura humana nas ruas desde a libertação: políticos e anónimos de muitos credos denunciaram o anti-semitismo, o fanatismo e a intolerância que teriam estado na base dos atentados.

Tratou-se do massacre em Paris de 12 pessoas na quarta-feira no semanário satírico "Charlie Hebdo", e de uma mulher polícia no dia seguinte em Montrouge, perto da capital, e de 4 pessoas no interior de uma mercearia judaica na sexta-feira na zona leste parisiense.

Os dois irmãos Kouachi, franceses de origem argelina, e presumíveis autores da carnificina no jornal parisiense acabaram por morrer também a leste da capital, em Dammartin, bem como Amedy Coulibali, o franco-maliano autor do sequestro da mercearia judaica parisiense.

Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro português, em declarações à agência lusa, enfatizou a importância de expressar a sua solidariedade para com um atentado visando a liberdade de expressão e de imprensa.

Também a presidente da Assembleia da República portuguesa, Assunção Esteves, em declarações à agência lusa, se fez representar na capital francesa enaltecendo a importância que a comunidade internacional se dê as mãos.

Integraram a delegação de parlamentares portugueses Telmo Correia, presidente do conselho nacional do CDS PP, de direita.

Em declarações a Lígia Anjos ele enfatizou a importância da reacção a este momento, um "11 de Setembro francês", como a imprensa lhe chamou, daí a necessidade de se combater o terror.

Carlos Gonçalves, deputado português do PSD, de centro-direita, e presidente do grupo de amizade parlamentar Portugal / França, presente na marcha parisiense, sublinhou a importância da solidariedade com a França e com a vasta comunidade lusa radicada em terras gaulesas.

Paulo Pisco, deputado português do PS, de esquerda, marchou também em Paris para denunciar o terrorismo que abalou a França na semana finda, alegando que esta é uma resposta de todos os que amam os valores ocidentais, daí ser uma verdadeira marcha transnacional.

O corpo diplomático acreditado em Paris foi convidado a integrar esta marcha.

Fátima Veiga, embaixadora de Cabo Verde, fez questão em se associar a este protesto denunciando o terrorismo.

O economista cabo-verdiano e ex deputado Atelano da Fonseca, em entrevista a João Matos, sublinha a consternação que no arquipélago acompanhou o drama com que a França se viu confrontada nesta semana.

Luís Mendes, cônsul da Guiné-Bissau, representou o seu país, em sinal de solidariedade para com a França assolada agora pelo espectro do terrorismo.

Jean-Pierre Bensaïd, cônsul honorário de São Tomé e Príncipe em Marselha, marchou esta tarde nesta cidade do sul de França repudiando os atentados com o lema "je suis Charlie" (eu sou Charlie).

Jean-Pierre Bensaid, cônsul honorário de São Tomé e Príncipe em Marselha

Miguel da Costa, embaixador de Angola, sublinha a condenação por parte das autoridades de Luanda, dos atentados de Paris.

No que diz respeito a Moçambique a RFI não conseguiu viabilizar nenhum contacto directo com a representação diplomática deste país em França por o embaixador se encontrar ausente em Maputo.

A repórter Lígia Anjos recolheu o testemunho de Maria da Luz Alves, portuguesa radicada em Paris há 30 anos que explica o porquê de se ter juntado à marcha republicana.

Já Maria Sameiro, outra cidadã portuguesa em Paris há mais de duas décadas preferiu não se associar à marcha por recear ainda nesta fase o espectro do terrorismo.

Estes alguns dos protagonistas de um dia excepcional na história de Paris com o mundo inteiro a ter os olhos virados para a capital francesa nesta grande reacção pública aos atentados que chocaram o país e o planeta.

A intensa actividade diplomática que este evento suscitou serviu de base para intensos debates sobre o reforço da lua anti-terrorista, com certos sectores a defenderem o reforço do controlo das fronteiras exteriores do velho continente e ainda a reforma dos chamados "Acordos de Schengen" estabelecendo a livre circulação no espaço europeu.

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