O governo da Guiné-Bissau vai criar a
figura do provedor de justiça para dar mais protecção aos cidadãos, anunciou
nesta quarta-feira, a ministra da Justiça num discurso que assinalou o Dia
Internacional dos Direitos Humanos.
“O órgão central desse sistema (de
protecção dos direitos humanos) será a figura do provedor de justiça cuja
criação está prevista no programa do governo. Em breve será criado por lei. A
provedoria será organizada para prestar atendimento a denúncias dos cidadãos”,
referiu a ministra da Justiça da Guiné-Bissau, Carmelita Pires.
A governante falava numa cerimónia na
Casa dos Direitos, uma antiga prisão de Bissau desde o tempo colonial
português, mas que foi transformada e é hoje habitualmente palco de actividades
de organizações da sociedade civil.
Carmelita Pires reconheceu que “ocorrem
situações de violação dos direitos humanos” no país e as vítimas “nem sabem a
quem se dirigir para solicitar protecção”.
“Mesmo o apoio prestado pelo defensor
dos direitos humanos é limitado”, sublinhou, considerando que existem duas
realidades diferentes em matéria dos direitos humanos.
Há uma realidade “da legislação, das
instituições públicas e da participação nos fóruns internacionais e outra, com
violações quotidianas dos direitos humanos, à margem do Estado democrático de
direito”, notou.
Para a governante, a Guiné-Bissau
“precisa urgentemente” de montar um novo sistema de proteção dos direitos
humanos que possa combater a impunidade e a injustiça.
Carmelita Pires defendeu um novo sistema
em que se possa sentir que o Estado está “efetivamente preocupado” com a
proteção dos direitos dos cidadãos. A figura do Provedor de Justiça será a peça
central desse sistema, notou a ministra, que quer também montar um vasto
programa nacional de promoção e formação em matéria dos direitos humanos.
Nesse sentido, salientou que toda a ação
terá que dar ênfase aos “grupos vulneráveis” da sociedade guineense,
nomeadamente, as crianças e mulheres.
Carmelita Pires afirmou que o cidadão
guineense luta pelo direito à alimentação, educação, saúde, condições de trabalho
e necessidades básicas, os chamados direitos humanos fundamentais da segunda
geração e ao mesmo tempo pelos direitos humanos da quarta geração, isto é, a
paz, a estabilidade e o desenvolvimento.
A Comissão Nacional dos Direitos
Humanos, criada pelo governo em 2008, terá que passar a trabalhar para que a
questão da promoção dos direitos humanos seja incluída na elaboração das
políticas públicas, defendeu Carmelita Pires.
Sem comentários:
Enviar um comentário