Em
Março de 2012, Paulo Portas anunciava a criação de títulos de residência
especiais para cidadãos estrangeiros, oriundos de fora do espaço Schengen, que
adquirissem activos imobiliários de valor superior a 750 mil euros em Portugal
ou fizessem um investimento com criação de, pelo menos, 30 postos de trabalho.
Entre o anúncio e a lei dos vistos dourados aprovada, o investimento necessário
diminuiu para 500 mil euros e o número de postos de trabalho a criar para dez,
tendo sido acrescentada a possibilidade de transferência/depósito de um milhão
de euros
Em Agosto deste ano, o MNE anunciava "vistos gold já
trouxeram para Portugal 817 milhões de euros" nos 1360 vistos
atribuídos.Posteriormente às primeiras (sublinho, primeiras) suspeitas de
corrupção vindas a público, que se circunscrevem, por enquanto (sublinho, por
enquanto), a altos dirigentes da administração pública, Maria Luís Albuquerque
afirmou no Parlamento Europeu que o programa tem sido muito útil a
Portugal.Admito que o programa esteja a ser muito útil para quem vive dos
fluxos de capital, como é o caso do conselheiro de Estado Luís Marques Mendes -
a sua sociedade de advogados tratou de um terço dos vistos e parece que também
já participa no negócio imobiliário de venda de casas de luxo -, mas para
Portugal, não.
O governo não revela o número de postos de trabalho criados
com esta iniciativa ou os impostos arrecadados (obviamente, escassos),
confundindo, mais uma vez, os proveitos de alguns com o interesse colectivo.A
ideia de um país poder vender os seus títulos de residência é passível de ser discutida,
mas deverá ser entendida como uma forma de prostituição. Uma forma de
prostituição que nos deve envergonhar sempre que se recusa um visto a quem
trabalha pelo país e não tem dinheiro para o pagar. Nos vistos dourados, o
Estado vende algo que nos pertence a todos por um valor que só alguns podem
pagar, com a particularidade de, no quadro do proxenetismo reinante, não sobrar
uma côdea para quem dá o corpo ao manifesto. Escreve ao sábado
//Jornal
i
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